29 de março de 2024
Saúde em Foco

Aleitamento materno

O aleitamento exclusivo durante os seis primeiro meses diminuem as chances de obter o câncer de mana

Em meu primeiro artigo apresentei a importância do aleitamento materno em seus diversos aspectos e neste, quero apresentar um material mais específico que está sempre em discussão por ser um problema que muitas vezes mutila o físico e o psicológico da mulher, é o câncer de mama. Sem deixar a temática do aleitamento materno, quero continuar com minha campanha e agora apresentar a relação do aleitamento materno com o câncer de mama.

Tratando-se de um assunto bastante complexo e que ainda necessita de mais pesquisas, estive lendo alguns artigos, reforçando meus conhecimentos sobre a relação do câncer de mama e o aleitamento materno e selecionei alguns autores que nutridos da curiosidade se saciavam com seus resultados e que hoje nos ensinam ainda mais.

Numa ampla e recente revisão da literatura elaborada por REA, M.F. (2004), ela demonstra importantes benefícios da amamentação quanto à saúde da mulher, confirmando-se o menor risco de câncer de mama. O aleitamento exclusivo durante os seis primeiro meses diminuem as chances de obter o câncer de mana, vulgarmente falando, ocorre à substituição de tecido glandular por gordura nas mamas além de promover a redução do ciclo menstrual que também está relacionado com a redução das chances de se obter o câncer, portanto, trata-se de uma proteção natural.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia – SBM, a cada ano de amamentação completa diminui de 3 a 4% o risco da mulher desenvolver o câncer e mesmo aquelas que já desenvolvem o câncer de mama, se amamentaram por mais de um ano, têm chance de desenvolver um tipo de câncer menos agressivo, com melhor prognóstico. Esses dados apontam mais um ponto positivo do aleitamento materno. Vale ressaltar que a criança também se beneficia deste ato, pois no leite materno possuem componentes que fornece uma proteção contra o desenvolvimento do câncer de mama na idade adulta.

Contudo, infelizmente, mais de 50% das mulheres não fazem o exame das mamas durante a gestação. Esse acompanhamento durante o pré-natal é fundamental. Os médicos recomendam que seja feito o exame clínico uma vez por trimestre. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (2013) o câncer de mama é o segundo mais comum no mundo e o mais frequente entre as mulheres, com uma estimativa de mais 1,15 milhão de novos casos a cada ano, e responsável por 411.093 mortes a cada ano, por isso a importância de realizar-se o autoexame, as consultas periódicas e o aleitamento materno.

Muitos são os fatores que interferem na prática do aleitamento materno levando ao desmame precoce, podendo ser estes referentes à mãe, como nível socioeconômico, idade, paridade, escolaridade, cultura, inserção no mercado de trabalho, falta de conhecimento sobre os benefícios do aleitamento; outros como o serviço que recepciona esse binômio, como o uso de bicos artificiais, a orientação precoce de fórmulas lácteas pelos profissionais, a impossibilidade de amamentar na sala de parto, ausência de alojamento conjunto, internação da mãe ou criança por longo período de tempo, ausência ou mau funcionamento de banco de leite humano, desestímulo à amamentação e, por fim, a falta de apoio após a alta hospitalar.

Em uma pesquisa realizada por Rodrigues F.P (2012), que tive a honra de participar, contamos com a participação de 260 puérperas em uma maternidade de referência no Piauí, nela tivemos como resultado da análise da caracterização do aleitamento materno que a escolaridade da mãe não influenciou o tempo de aleitamento materno. Porém, percebeu-se que famílias cujas mães amamentaram seus filhos por menos tempo apresentaram renda mensal mais baixa. O estudo também mostrou a necessidade de instrumentalização da rede básica de saúde em procedimentos de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno nos serviços de pré-natal com o intuito de melhorar o conhecimento e as práticas maternas em amamentação.

A pesquisa ainda conclui que cabe à equipe de saúde o desenvolvimento de um atendimento de qualidade, que significa não apenas estar atento aos aspectos técnicos da assistência, mas principalmente, compreender os múltiplos significados da maternidade para a mulher e sua família, os aspectos sociais envolvidos, além de acolher para cuidar melhor e de maneira mais eficaz motivação e educação: Entendemos que, para além da formação adequada no período pré-natal, é necessário que na preparação para a alta da puérpera seja incluído um instrumento informativo facilitador da amamentação e que, de algum modo, responda às suas dúvidas e a ajudam a vencer possíveis dificuldades no aleitamento do seu filho.

Portanto, acredito que a motivação é um fator que deve ser equacionado no contexto da amamentação, tendo grande importância no processo educativo da mesma. Devemos considerar no estudo da motivação, variáveis motivacionais que exercem o seu controlo durante toda a vida e variáveis transitórias. As primeiras inatas ou adquiridas, podem ser consideradas como pertencentes à estrutura da personalidade, as segundas modulam os estados transitórios, que duram alguns segundos ou algumas horas.

Orientar a mulher para o aleitamento materno torna-se necessário o uso de diferentes abordagens que contemplem os vários aspectos do amamentar, como as questões físicas e emocionais e a necessidade individual da mulher, pois se deve considerar sua singularidade, sua historia de vida e, principalmente, sua vontade considerando seu cotidiano familiar, bem como fatores de risco para o desmame precoce, ajudando a mulher que amamenta a enfrenta-los, oferecendo-lhe os suportes emocional, físico e educacional necessários.

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