24 de junho de 2025
Saúde

Etarismo: o que é e o que representa para os idosos?

O etarismo pode ser definido como a discriminação, o preconceito e a aversão contra pessoas por conta de sua idade avançada.

Estamos vivendo momentos difíceis na humanidade onde é quase uma exigência não envelhecer, por conta disso cresce cada vez mais o número de idosos que buscam pela tão sonhada juventude tardia. Diante desse fenômeno temos um crescente número de aumento pela procura de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos invasivos ou não. 

Envelhecer tornou-se um fardo para muitas pessoas que não aceitam suas respectivas idades por conta de padrões impostos pela mídia ou até mesmo pela sociedade contemporânea. Pensando nisso vamos conversar um pouco sobre o etarismo. 

Primeiro, o que é etarismo?

Envelhecer é um processo natural da vida, mas a concepção social sobre a senioridade é heterogênea e, muitas vezes, envolve uma visão negativa e preconceituosa contra pessoas idosas. Isso significa que, na sociedade, existe a percepção que as pessoas idosas não devem ser valorizadas.

Essa visão depreciativa sobre a senioridade não é recente. Como vimos em nosso texto sobre a história dos direitos dos idosos, especialmente após a Revolução Industrial, construiu-se a compreensão de que as pessoas idosas eram “inúteis” para o sistema econômico e social.

Na realidade, até mais do que isso, construiu-se a interpretação de que essas pessoas representam um fardo para a sociedade, já que em vista de suas vulnerabilidades, precisam receber recursos, programas e serviços especiais e adequados por parte do Estado.

Assim, surge o etarismo, também chamado de ageísmo ou idadismo, que carrega estereótipos e uma visão preconceituosa das pessoas idosas. O etarismo pode ser definido como a discriminação, o preconceito e a aversão contra pessoas por conta de sua idade avançada.

Nesse sentido, o etarismo colabora para a segregação da população idosa e está ligado aos padrões sociais construídos na sociedade. Por exemplo, o ideal da produtividade, o culto à juventude, o desigual acesso à novas tecnologias, são padrões que desfavorecem o desenvolvimento e a inclusão social da pessoa idosa.

Como consequência, esses padrões diminuem a possibilidade da pessoa idosa experienciar a senioridade com qualidade e de forma proveitosa. E, mais do que isso, ao desvalorizar o status social do idoso, faz com que a discriminação contra essas pessoas ocorra, muitas vezes, de forma implícita e silenciosa.

Os desafios e impactos causados pelo etarismo

Visto que o etarismo nasce das ideias negativas e preconceituosas em relação à senioridade, é possível considerar que a sua propagação ocorre de maneira naturalizada e até mesmo institucional na sociedade, especialmente quando executada de maneira velada.

É o que aponta a psicóloga Selena Mesquita de Oliveira Teixeira (2018), que expressa que essa naturalização ocorre no momento em que as normas de proteção à pessoa idosa não repreendem o etarismo de maneira severa. Isso porque há na sociedade uma certa suavização contra esse tipo de discriminação, que “autoriza” a sua manifestação.

Como combater o etarismo?

De maneira geral, a OMS em seu relatório Global Report on Ageism (2021), manifesta que o etarismo tem sérias consequências para os direitos humanos e o bem-estar da população idosa, contribuindo para o isolamento social e podendo aumentar os riscos de violência e abuso contra pessoas idosas.

Dessa forma, a efetivação das leis e o cumprimento dos direitos dos idosos é apenas um aspecto para combater o etarismo, em que o combate apropriado passa pela realização de medidas em diferentes áreas da vida.

Assim, o relatório indica três principais medidas a serem aplicadas para que o etarismo seja combatido e eliminado da sociedade. São eles:

Políticas e leis: Políticas públicas e leis podem reduzir o etarismo, especialmente se direcionadas para o respeito aos direitos humanos e para o combate à discriminação e à desigualdade. Isso pode ser alcançado pelo fortalecimento de instrumentos e mecanismos governamentais que garantam de forma efetiva o cumprimento dos direitos voltados à população idosa.

Intervenção educacional: É tido como importante incorporar em todos os níveis de ensino, desde a educação básica até a educação superior, a conscientização sobre o etarismo. Atividades educacionais ajudam a promover a empatia e a reduzir concepções equivocadas sobre a senioridade, reduzindo por consequência, visões preconceituosas e estereotipadas.

Intervenções de contato intergeracional: É preciso que investimentos sejam feitos para que haja um maior contato social entre gerações, aumentando a interação entre diferentes grupos de diferentes faixas etárias, de maneira a reduzir visões preconceituosas entre eles.


Referências:

Organização Mundial da Saúde. Global report on Ageism. World Health Organization (WHO), 2021. Disponível em: <https://www.who.int/publications/i/item/9789240016866>. Acesso em: 14 de fevereiro de 2022.


Por: Silvina Rodrigues de Oliveira, Psicóloga Clínica 

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